Estrutura metálica é aposta na construção

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Na disputa com o concreto armado, o aço já desponta como primeira opção na construção civil, pelo menos nas grandes obras. Nessa concorrência, o aço está chegando ao canteiro de obras em forma de estruturas metálicas pré-moldadas, prontas para uso. “A construção em aço representa atualmente cerca de 15% do universo do setor de edificações no Brasil”, diz Carolina Fonseca, gerente executiva do Centro Brasileiro da Construção do Aço (CBCA).

Ainda há muito espaço para crescer. Nos Estados Unidos, 50% das construções multiandares comerciais são em aço; na Inglaterra, chegam a 70%. A executiva observa que “hoje, produtividade e sustentabilidade são palavras chaves na área de construção” e que o aço atende essa expectativa. “Esperamos atingir 20% das construções em aço nos próximos cinco anos.”

Segundo a executiva da CBCA, em processos convencionais, o desperdício de materiais pode chegar a 25% em peso. Com o aço, o entulho da obra deixa de existir ou é reciclado. “Por serem mais leves, as estruturas metálicas podem reduzir em até 30% o custo das fundações”, diz Carolina. O tempo de construção é reduzido entre 10% e 20%.

A aceitação do aço se dá, sobretudo, pelo uso de estruturas prontas. “A construção metálica vem crescendo entre 30% e 50% mais que as obras com concreto nos últimos cinco anos no país”, diz Jefferson de Paula, vice-presidente da ArcelorMittal Aços Longos Américas Central e do Sul. “Na Arcelor, a estrutura metálica cresce 30% mais que o concreto armado”, completa. “Nos próximos cinco anos, a tendência é que a construção com estrutura metálica continue crescendo, e só depois se estabilizará”, prevê.

De acordo com o executivo da Arcelor, “cerca de 80% do que a companhia vende hoje para as construtoras são soluções com serviços agregados, prontas; há uma década eram 10%”. Na média das construtoras, ele estima que entre 50% e 60% do aço já chega ao canteiro como soluções para agilizar a construção.

Por conta das vantagens, a construção civil já representa entre 35% e 40% nas carteiras de clientes das siderúrgicas. Para atender essa demanda, as companhias apostam em soluções “tailor made”, com a entrega de estruturas pré-moldadas, que chegam praticamente prontas da fábrica para no canteiro de obras.

A pouca resistência que ainda persiste para a substituição do concreto pelo aço não se justifica mais pelo preço, já que as reduções do tempo e da mão de obra compensam a diferença. O que prevalece é uma cultura pelo concreto armado que vem das escolas de engenharia do país, diz de Paula. A disputa entre aço e concreto também divide países europeus: “Na Alemanha, cerca de 80% das construções de edifícios e pontes são feitas com aço; na França 80% são de concreto”.

Os números indicam que o Brasil está mais próximo dos conservadores franceses que dos ingleses. Mas tanto lá fora como aqui, o lobby das siderúrgicas é no sentido de ressaltar as vantagens do aço. “Quando se pensa em aço, se pensa em uma obra inovadora, moderna, reciclável e durável”, diz Bruno Mendes Campolina, gerente geral de vendas para Construção Civil e Infraestrutura da Usiminas. “A construção metálica agrega redução de tempo do empreendimento, mão de obra especializada, racionalização no uso de materiais e aumento da produtividade no canteiro”, explica. Outro benefício é a redução do cronograma de entrega, o que permite antecipar o uso do imóvel.

Se diante do concreto, o aço vai bem, o mercado da construção no seu conjunto vai mal. “Mesmo nas estruturas metálicas, houve queda de 13% no primeiro trimestre de 2015 sobre mesmo intervalo do ano passado”, afirma de Paula, da Arcelor.

De acordo com o Instituto Aço Brasil, o consumo de aço para estruturas metálicas voltadas para a construção cresceu 6,4% entre 2012 e 2013. O Instituto estima um crescimento de 5% para o setor no ano passado.

http://www.cbca-acobrasil.org.br/site/noticias-detalhes.php?cod=7072